Escrito por: Maísa Lima
Presidenta do PT Estadual, coordenador do MST e presidente da CUT Goiás falam sobre os desafios ante a gestão Bolsonaro
Escola sem Partido, ameaça de tipificação de terrorismo para movimentos sociais, reforma da Previdência Social, liberdade de expressão em risco... É uma lista longa e preocupante esta que a eleição de Jair Bolsonaro (PSC) coloca na ordem do dia para todos os brasileiros e brasileiras, mas especialmente para aqueles e aquelas que se posicionam à esquerda do espectro político. Qual o caminho a seguir?
Esse foi o debate travado na manhã desta quinta-feira (1º/11) no programa Antena Ligada da Rádio Trabalhador (www.radiotrabalhador.com.br), que vai ao ar de segunda à sexta-feira das 10 às 11 horas. Estavam no estúdio para serem entrevistados pelo jornalista Roberto Nunes a presidenta do Diretório Estadual do PT e ex-candidata a governadora pelo partido em Goiás, Kátia Maria; o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilvan Rodrigues; e o presidente da Central Única dos Trabalhadores em Goiás (CUT-GO), Mauro Rubem.
Kátia começou falando sobre o famigerado projeto Escola sem Partido, que na prática coloca uma mordaça em professores e alunos. Ontem (31) ele deveria ter sido votado no Congresso, mas a pressão, principalmente a articulada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) conseguiu adiar. "Sem dúvida uma vitória. É muito sério isso. Estamos assistindo várias universidades serem alvo de ações policiais e da Justiça unicamente por exercerem o pensamento crítico".
Concentração de terras
Coordenador do MST, Gilvan lembrou a exorbitante concentração de terras que existe no Brasil desde o descobrimento até os dias de hoje. Daí a luta de tantas famílias para ter acesso a elas e a consequente consolidação do movimento em 1984. "São terras que não cumprem sua missão social e portanto devem ser destinadas à reforma agrária. É o que determina a Constituição. Não fazemos mais do que cobrar do Executivo a aplicação da Magna Carta", aponta.
Mauro também criticou o projeto Escola sem Partido. "O Congresso deveria instituir, isso sim, a Igreja sem Partido. É vergonhosa a ação dos manipuladores da fé alheia".
O presidente da CUT Goiás, o coordenador do MST e a presidenta do PT-GO deixaram claro que a esquerda fará uma oposição responsável. "Vamos resistir quando estiver em jogo os direitos do povo brasileiro. Não vamos fazer a ofensiva do quanto pior melhor. Mas não vamos admitir que o benefício do grande seja garantido tirando direitos dos pequenos".
É o caso da Reforma da Previdência. Mauro questiona como um trabalhador, que ganha um salário mínimo e este mal atende suas necessidades básicas, vai conseguir economizar para pagar títulos de capitalização para garantir uma aposentadoria privada.
Em suma, democraticamente a esquerda reconhece a legitimidade do governo Bolsonaro - eleito pelas urnas -, mas não irá compactuar com a retirada de direitos e a privatização de bens públicos e riquezas naturais. Oposição deve existe não para sabotar, como fizeram Aécio Neves (PSDB) e sua turma, mas para fiscalizar e equilibrar o poder.