Escrito por: Maísa Lima

População em situação de rua abandonada à própria sorte

Estado de Goiás não destina um centavo sequer no orçamento para cuidar dessas pessoas

Embora não tenha ocorrido uma contagem recente de pessoas em situação de rua em Goiás é visível o seu crescimento na maioria das cidades. Daí que a realização de um censo dessa população, em bases metodológicas bem estabelecidas, é uma das principais necessidades atuais para auxiliar a criação e o desenvolvimento de políticas públicas para essas pessoas.

Em que pese a criação, pelo governo estadual, do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento de Política para População em Situação de Rua no Estado de Goiás (Ciamp Rua), por meio do Decreto 8.946 de 2 de maio de 2017, no âmbito da Secretaria Estadual da Mulher, do Desenvolvimento Social, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, não existe no orçamento nenhum centavo destinado a ações envolvendo essas pessoas.

“O comitê possui a finalidade de possibilitar e auxiliar a implementação e o monitoramento de políticas públicas voltadas para esse segmento da sociedade em Goiás, com o objetivo de garantir a promoção e a proteção dos direitos humanos, bem como oferecer orientação normativa e consultiva sobre o assunto, mas nunca saiu do campo das ideias para a prática”, lamenta Ângela Cristina, do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino.

O comitê produziu o Relatório das Violações dos Direitos Humanos em Goiás em 2018, que foi entregue no dia 13 de dezembro à Assembleia Legislativa, para os governos estadual e municipal, Secretarias de Segurança Pública; da Mulher, do Desenvolvimento Social, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e do Trabalho; Ministério Público; Comissões de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Goiânia e Assembleia Legislativa; Defensoria Pública Estadual; Comissões de Direitos Humanos do Senado e Câmara Federal; e Conselho Nacional de Direitos Humanos.

Os contatos e as escutas feitas pelos profissionais goianos que atuam nos serviços públicos voltados para a população em situação de rua e pelos ativistas do Movimento Nacional de População de Rua – Goiás, revelam as marcas existentes na trajetória de vida dessas pessoas, conturbadas por problemas e conflitos familiares, pelo preconceito e falta de acesso às condições mínimas de sobrevivência: desemprego, dependência química, doenças psíquicas e violência policial continuada são apenas algumas.


Violações
Terra, Segurança, Justiça, Educação, Minorias e Direito à Diversidade são alguns dos temas abordados pelo documento no marco dos 70 Anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de dezembro de 1948) e 30 anos da Constituição Federal (5 de outubro de 1988).

O relatório conclui que o Estado se pronuncia de forma ameaçadora, provocando, de maneira irresponsável, a violação dos direitos humanos, com a indiferença de uma grande parte da população. “É preciso atuar com firmeza na defesa e proteção dos defensores e defensoras de direitos humanos, que estão na linha de frente da luta por direitos e portanto, na mira do discurso de ódio que se apresenta sob a forma de preconceito, racismo, homofobia e indiferença.”, assinala.

A ignorância a respeito do que sejam direitos humanos produz todo tipo de violência contra qualquer ser humano e impede a consolidação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Como proclama o Artigo 1.º: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos”. Isso inclui todos os seres humanos”. Sem exceção!

 

Saiba Mais
O Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino conta com o acúmulo da trajetória de luta e resistência das mais de 80 entidades que o compõem – entre elas a Central Única dos Trabalhadores no Estado de Goiás (CUT Goiás) - e atua na direção de potencializar as ações de enfrentamento às violações de direitos na região