Whidiney Corado
Eleita pelo povo goiano, a deputada estadual e diretora da CUT-GO, Bia de Lima, tem ocupado a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para lutar pelos direitos da classe trabalhadora, mulheres, negros e negras, e todos aqueles historicamente excluídos dos espaços de poder. A voz de uma mulher aguerrida no Parlamento goiano tem causado desconforto naqueles que sempre tiveram seu espaço de fala garantido. De forma constante, o deputado estadual Amauri Ribeiro tem atacado as parlamentares goianas com grosseria, truculência e ofensas. A prática do deputado foi vista novamente nesta quarta-feira (13), ao atacar a sindicalista e insinuar que ela deveria renunciar ao cargo. No dia seguinte, quinta-feira (14), a deputada Rosângela Rezende, que também está à frente da Procuradoria da Mulher na Alego, usou a tribuna para defender Bia de Lima. Após sua fala, novamente, o parlamentar prosseguiu com sua prática habitual de atacar mulheres dentro do ambiente político, se referindo a Rosângela como "hipócrita" e "vitimista", e também sugerindo que deixasse seu mandato. Vale lembrar que das 41 cadeiras da Assembleia Legislativa, apenas quatro são ocupadas por deputadas mulheres. É inadmissível que, ao adentrar importantes espaços de representatividade e de democracia, uma mulher seja atacada de forma reiterada por um colega. O tamanho desrespeito proferido por homens que sempre tiveram seus privilégios mantidos não é apenas contra uma, ou duas, parlamentares. É contra todas as mulheres que se veem representadas com a presença de outras mulheres na política. O comportamento de Amauri, que se repete em várias outras oportunidades, quando, a exemplo, ofendeu a então deputada estadual Lêda Borges ao dizer que sentia "nojo" dela. Em outra situação, proferiu ofensas a servidoras da Alego ao dizer, em entrevista a um jornal, em 2019, que algumas eram contratadas para "servir" os deputados. "É só top, só modelo, não fazem nada.". Em outro momento, tomou posse como parlamentar goiano com a esposa sentada no colo, além de já ter sido denunciado por agressão contra a própria filha. Mais recentemente, o deputado goiano declarou em público ter financiado com dinheiro e mantimentos os acampamentos golpistas que ocorriam nas portas dos quartéis do Exército Brasileiro após a eleição do presidente Lula, como forma de questionar o resultado das urnas. Após a fala na tribuna, feita em junho deste ano, a Polícia Federal cumpriu mandato de busca e apreensão contra o parlamentar em uma fase da operação Lesa Pátria, que investiga a invasão da Praça dos Três Poderes, em Brasília, e a tentativa de golpe de estado no dia 8 de janeiro. A CUT Goiás repudia veementemente a conduta do deputado Amauri Ribeiro e cobra à Assembleia Legislativa que tome medidas urgentes para extirpar a violência política de gênero. A Lei 14.192/2021 é determinante ao dizer a violência política é toda "ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos da mulher". Os avanços dos direitos e na ocupação das mulheres nas tomadas de decisões claramente desagrada a elite brasileira, machista e misógina. Mas, não podemos aceitar qualquer forma de violência contra quem se dispõe a defender e dar espaço de voz a todos e todas que sempre estiveram excluídos dos ambientes políticos de poder. Toda a nossa solidariedade à deputada Bia de Lima, e também às demais mulheres já ofendidas e atacadas em seu exercício laboral.