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Pagamento do 13º salário deve colocar R$ 369,4 bilhões na economia do país.

O estudo realizado pelo DIEESE-GO também demonstra que o 13º colocará na economia goiana cerca de R$ 10,4 bilhões até o final do ano.

Publicado: 14 Novembro, 2025 - 11h43

Escrito por: Juliano Cavalcante

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O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos de Goiás (DIEESE-GO), realizou um estudo sobre os impactos do 13º salário na economia brasileira em 2025. Segundo os resultados, o pagamento do salário adicional colocará cerca de R$ 369,4 bilhões na economia do país até o final do ano, sendo R$ 10,4 bilhões no estado de Goiás, resultando em 2,6 % do PIB goiano (estimado em R$ 396,5 bilhões).

O montante representa aproximadamente 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e será pago aos trabalhadores do mercado formal, inclusive aos empregados domésticos; além dos beneficiários da Previdência Social; aposentados e beneficiários de pensão da União e dos estados e municípios. Cerca de 95,3 milhões de brasileiros serão favorecidos com rendimento adicional, em média, de R$ 3.512,00.

Para a realização dos cálculos, o DIESSE reuniu dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego. Também foram consideradas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Previdência Social e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).

No caso da Rais, o DIEESE considerou o total dos assalariados com carteira assinada, empregados no mercado formal, nos setores públicos (estatutários ou celetistas) e privado, que trabalhavam em dezembro de 2023, acrescido do saldo do Novo Caged de 2024 e 2025 (até setembro).

Da Pnad foi utilizado o contingente estimado de empregados domésticos com registro em carteira. Foram considerados ainda os beneficiários (aposentados e pensionistas) que, em agosto de 2025, recebiam proventos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), do Regime Próprio da União, e dos estados e municípios. Para esses dois últimos, entretanto, não foi obtido o número de beneficiários.

Para os assalariados, o rendimento do 13º foi atualizado pela variação média do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) entre janeiro e setembro de 2025, sobre dezembro de 2023.

Em relação ao cálculo do impacto do pagamento do 13º salário, o DIEESE não leva em conta autônomos, assalariados sem carteira ou trabalhadores com outras formas de inserção no mercado de trabalho que, eventualmente, recebem algum tipo de abono de fim de ano, uma vez que não há dados disponíveis sobre esses valores.

Também não há distinção dos casos de categorias que recebem parte do 13º antecipadamente, conforme definido, por exemplo, em acordo coletivo de trabalho (ACT) ou convenção coletiva de trabalho (CCT).

Para realizar a estimativa, foi considerado o montante total do valor recebido pelos beneficiários do INSS, independentemente da quantia que já tenha sido paga. Assim, os dados constituem projeção do volume total de 13º salário que entrará na economia ao longo do ano e não necessariamente nos dois últimos meses de 2025.  Entretanto, a hipótese é de que a maior parte do valor referente ao 13º, notadamente para os trabalhadores ativos, seja paga no final do ano.

Leila Brito, supervisora do DIEESE-GO, expõem o setor da economia beneficiado pelo aditivo salarial e reitera a importância dos dados divulgados pelo órgão.

“O que se destaca nesses dados é que o impacto do 13º se reflete na movimentação do comércio que acontece no final do ano. O fator principal é a injeção de recursos do 13º na economia e que vai diretamente para o comércio de bens e serviços, claro que uma parte desse recurso será usado pelo beneficiário para o pagamento de dívidas ou uma poupança, mas grande parte desse recurso será sim injetado no mercado de consumo. Esse estudo que o DIEESE realiza anualmente é de extrema importância para a ação sindical, no sentido de entendermos o acréscimo de rendimento salarial como um salário a mais durante o ano, beneficiando o trabalhador/a. Essa é uma conquista de toda a classe trabalhadora. O 13º salário foi consolidado como um direito na Constituição Federal de 1988, mas antes, na década de 60 com o governo João Goulart, já havia pressões populares muito intensas no sentido de se conquistar esse pleito. Então é importante compreendermos que não se trata de um benefício doado ao trabalhador/a, e sim uma árdua vitória da classe”, comenta.

Estimativa de recursos com pagamento do 13º salário

De acordo com a tabela divulgada pelo DIEESE, dos 95,3 milhões de brasileiros que devem ser beneficiados com o pagamento do 13º salário, 59,5 milhões, ou 62,5% do total, são trabalhadores no mercado formal, entre eles, os empregados domésticos com carteira de trabalho assinada, que somam 1,5 milhão de pessoas, equivalendo a 1,5% do conjunto de beneficiários. Os aposentados ou pensionistas da Previdência Social (INSS) correspondem a 34,8 milhões de beneficiários, ou 36,6% do total.

Além desses, aproximadamente 915,5 mil pessoas (ou 1,0% do total) são aposentadas e beneficiárias de pensão da União (Regime Próprio). Há ainda um grupo constituído por aposentados e pensionistas dos estados e municípios (regimes próprios) que vai receber o 13º e que não pode ser quantificado.

Do montante a ser pago como 13º, cerca de R$ 260 bilhões, ou 70,4% do total, irão para os empregados formais, incluindo os trabalhadores domésticos.

Outros 29,6% dos R$ 369,4 bilhões, equivalentes a R$ 109,5 bilhões, serão pagos aos aposentados e pensionistas. Considerando apenas os beneficiários do INSS, são 34,8 milhões de pessoas, que receberão R$ 64,8 bilhões. Aos aposentados e pensionistas da União serão destinados R$ 9,9 bilhões (2,7%); aos aposentados e pensionistas dos estados, R$ 20,5 bilhões (5,6%); e aos aposentados e pensionistas dos regimes próprios dos municípios, R$ 14,2 bilhões.

Distribuição por região

A parcela mais expressiva do 13º salário (49,6%) deve ser paga nos estados do Sudeste, região com a maior capacidade econômica do país e que concentra a maioria dos empregos formais e aposentados e pensionistas.

No Sul, devem ser pagos 17,3% do montante e, no Nordeste, 16,4%. Já às regiões Centro-Oeste e Norte cabem, respectivamente, 9% e 5%.

Importante registrar que os beneficiários do Regime Próprio da União receberão 2,7% do montante e podem estar em qualquer região do país.

O maior valor médio para o 13º deve ser pago no Distrito Federal (R$ 5.877,00) e o menor, no Maranhão e Piauí, com valor médio de cerca de R$ 2.400,00. Essas médias, entretanto, não incluem o pessoal aposentado pelo Regime Próprio dos estados e dos municípios, pois não foi possível obter esses dados.

Estimativa setorial para o mercado formal

Para os assalariados formais dos setores público e privado, que correspondem a 58 milhões de trabalhadores, excluídos os empregados domésticos, a estimativa é de que R$ 257 bilhões serão pagos a título de 13º salário, até o final do ano.

A maior parcela do montante a ser distribuído caberá aos ocupados no setor de serviços (incluindo administração pública), que ficarão com 63% do total destinado ao mercado formal. Os empregados da indústria receberão 17,4%; os comerciários terão 13,2%; aos que trabalham na construção civil será pago o correspondente a 4,1%, enquanto 2,2% serão recebidos pelos trabalhadores da agropecuária.

Em termos médios, o valor do 13º salário do setor formal corresponde a R$ 4.431,00.

A maior média deve ser paga aos trabalhadores do setor de serviços e equivale a R$ 4.983,00; a indústria aparece em segundo lugar, com o equivalente a R$ 4.616,00; e a menor média ficará com os trabalhadores do setor primário da economia, R$ 2.987,00.

Impactos na economia goiana

A economia goiana deverá receber, até o final de 2025, com o pagamento do 13° salário, cerca de R$ 10,4 bilhões, aproximadamente 2,8% do total do Brasil e 31,6% da região Centro-Oeste.

É o equivalente a cerca de 2,6% do PIB estadual. A média de valores por pessoa é estimada em R$ 3.168,43. Segundo os cálculos, 2,9 milhões de pessoas devem receber o 13º no estado de Goiás.

O número corresponde a 3,0% do total que terá acesso ao benefício no Brasil. Em relação ao Centro Oeste, equivale a 37,8% da região. Os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários, representam 69%, enquanto pensionistas e aposentados do INSS são 27,8%. O emprego doméstico com carteira assinada responde por 3,1%.

Em relação aos valores que cada segmento receberá, nota-se a seguinte distribuição: os empregados formalizados ficam com 75,0% (R$ 7,8 bilhões) e os beneficiários do INSS, com 13,2% (R$ 1,4 bilhões), enquanto aos aposentados e pensionistas do Regime Próprio do estado caberão 6,6% (R$ 683,5 milhões) e aos do Regime Próprio dos municípios, 5,3% (R$ 546,8 milhões).

Fonte: DIEESE-GO