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Demandas dos trabalhadores de Goiás são discutidas durante visita de Sérgio Nobre

Presidente nacional da CUT esteve no estado na última semana para falar com os sindicatos filiados e escutar as principais reivindicações e dificuldades encontradas pela classe trabalhadora

Publicado: 01 Abril, 2024 - 10h52 | Última modificação: 04 Abril, 2024 - 10h55

Escrito por: Gabriella Braga

Adufg-Sindicato
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Em visita a Goiás na última semana, o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, esteve nos sindicatos filiados para tratar sobre as principais demandas e dificuldades encontradas pelos trabalhadores e trabalhadoras do estado. Foram dois dias de agenda intensa, com atividades junto à diretoria estadual e dirigentes dos sindicatos. Dentre os pontos abordados, está a necessidade da retomada do financiamento sindical, e o fortalecimento dos sindicatos e da Central.

A primeira atividade, no dia 26 de março, foi junto à diretoria executiva da CUT Goiás. Realizada na sede do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), em Goiânia, a reunião discutiu pontos relevantes às entidades filiadas, como questões financeiras. Logo após, também no sindicato, foi feita uma análise de conjuntura política. A agenda também se estendeu com as visitas aos sindicatos, e finalizou com uma roda de conversa com trabalhadores da saúde.

Durante o encontro junto à diretoria da CUT Goiás, Sérgio Nobre destacou inicialmente as dificuldades vivenciadas pelos sindicatos para garantir o financiamento das atividades sindicais, e os desafios encontrados para “trazer todos os trabalhadores para o modelo sindical, motoristas de aplicativo, autônomos, diaristas”. Ainda na fala inicial, o dirigente nacional destacou a defesa intransigente da democracia.

Em seguida, foi a vez dos diretores e diretoras da Central goiana abordarem as problemáticas enfrentadas em seus sindicatos. Dentre as pontuações feitas, está a dificuldade de garantir a liberação dos dirigentes sindicais, os desafios para garantir reajuste salarial nas negociações dos servidores públicos federais, e os problemas financeiros enfrentados pelas entidades com a retirada do imposto sindical, em 2017, e a ausência de novas formas de financiamento.

Também foi levantado os problemas vividos pelas famílias agricultoras familiares do estado, diante da opressão da Polícia Militar (PM) e dos fazendeiros nos acampamentos e assentamentos. Ainda, como a lei estadual que criminaliza os acampamentos às margens das rodoviais estaduais e federais e legitima a desocupação das famílias que ali estão em busca da reforma agrária.

Em resposta às diversas demandas e dúvidas dos dirigentes estaduais, Nobre apontou que é preciso que o movimento sindical se mobilize para ocupar o Legislativo, seja nos municípios, estados, ou na União. Conforme ele, em muitas das reivindicações apresentadas para os servidores públicos federais, não há avanço diante da falta de representantes sindicais na Câmara dos Deputados.

“São muitos desafios que vamos ter que nos debruçar para encontrar caminhos. A gente acha que pela força política do presidente Lula, é só chamar os ministros e mandar fazer. Mas não é assim, enfrenta resistência no Parlamento. A gente joga peso para eleger presidente, governador, prefeito, mas não para eleger vereador, deputado. Muitos problemas que estamos discutindo aqui é por não termos feito bancada (no Congresso)”, destacou Nobre.

Análise de conjuntura política

Lideranças sindicais do estado acompanharam a análise de conjuntura política e econômica conduzida pelo presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, juntamente como o presidente da CUT Goiás, Flávio Silva. Na ocasião, o dirigente nacional ressaltou as dificuldades encontradas durante este mandato do presidente Lula, e destacou a importância das eleições municipais 2024 para avançar com as pautas progressistas.

“Precisamos ir bem nestas eleições municipais porque ela vai desenhar 2026. A direita vai trabalhar para sair mais forte do que já é nos municípios. Aqui em Goiás, com 246 cidades, o Partido dos Trabalhadores (PT) governa três. Em São Paulo, são 645, e o PT governa quatro. É claro que a gente tem que crescer nas prefeituras, mas temos que investir muito em eleger vereadores comprometidos”, pontuou.

Nobre também destacou que sobre os problemas da comunicação no governo. “A direita, dentro das redes sociais, navega muito bem. E nós, do campo progressista, não sabemos. Ou a gente aprende, ou não teremos expectativa. E não é um problema só na CUT, é na esquerda do mundo todo. Mas a gente faz seminário, oficina, o que for preciso para resolver o problema. É questão de sobrevivência.”

As lideranças presentes relembraram a perda de direitos dos trabalhadores nos últimos anos, com as reformas trabalhista e da previdência, e destacaram a importância do trabalho de base junto às categorias para progredir com a comunicação. Foi reforçada ainda a necessidade do avanço da força política progressista nos municípios, além da valorização da comunicação pública e popular, além do fortalecimento dos sindicatos.

Visita aos sindicatos

Ainda no final do primeiro dia de agenda a Goiás, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, e o presidente da CUT Goiás, Flávio Silva, estiveram no Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego). Na ocasião, destacaram a importância dos profissionais da educação ocuparem os espaços políticos para priorizar as políticas voltadas à área.

As visitas às entidades filiadas seguiram no dia 27, com a primeira agenda na sede do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal de Goiás (Sintsep-GO). Na ocasião, dirigentes da entidade abordaram sobre a negociação dos servidores públicos federais, e as dificuldades para trazer mais filiados à entidade, diante da falta de novos concursados nos órgãos federais.

Em seguida, os dirigentes CUTistas, acompanhados de Delúbio Soares, um dos fundadores da CUT, seguiram para o Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência de Goiás e Tocantins (Sintfesp-GO/TO). No local, a diretoria da entidade apontou sobre as dificuldades encontradas para garantir um serviço eficiente no INSS à população pela falta de funcionários nas unidades do estado.

Logo após, a visita foi na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Correios de Goiás (Sintect-GO). Dirigentes apontaram que a perda do adicional de periculosidade aos motociclistas indicavam uma queda de 30% nos salários dos trabalhadores da empresa, causando impacto financeiro na vida destes profissionais. Também relembraram a falta de abertura de concurso público para a empresa.

A intensa agenda foi encerrada no Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde-GO). Ali, durante uma roda de conversa com trabalhadores, foram abordados os problemas enfrentados pelos profissionais em Goiás, com o aumento da terceirização dos serviços e da gestão das unidades por meio das Organizações Sociais (OSs), além da precarização do Sistema Único de Saúde (SUS).