CUT Goiás realiza evento de formação para as Conferências em Saúde do Trabalhador
O Encontro de Formação Política reuniu mais de 60 lideranças no auditório do Ministério da Saúde, em Goiânia, para pautar a 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
Publicado: 24 Fevereiro, 2025 - 15h02 | Última modificação: 25 Fevereiro, 2025 - 08h44
Escrito por: Renato Costa

Na última sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025, dezenas de representantes sindicais e dos movimentos sociais se reuniram no auditório do Ministério da Saúde em Goiás, para ouvir e debater os principais eixos da 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (5ª CNSTT). O evento ocorreu nos turnos da manhã e da tarde, teve transmissão on-line e pode ser assistido a qualquer momento nos canais da CUT/GO, do SindSaúde/GO e do SINTFESP/GO, no YouTube.
Chamado Encontro de Formação Política para as Conferências Livres em Goiás da 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, o evento foi promovido pela Central Única dos Trabalhadores do Estado de Goiás (CUT/GO) junto a outras forças políticas e sindicais goianas.
Representação política da luta pela saúde de quem trabalha
No início da jornada, logo depois da leitura da nominata, o professor e vereador por Goiânia, Edward Madureira, fez uma saudação inicial agradecendo o convite e ressaltando a importância do retorno das conferências como instrumento político de reconstrução do espaço democrático brasileiro para a consecução de políticas públicas orientadas pela base da cidadania, que são aquelas pessoas diretamente impactada por elas. Edward mencionou sua participação nas Conferências de Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia em Goiás, as quais considera a base para o avanço político coletivo no país.
O ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), ressaltou ainda que a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) é fundamental para combater o adoecimento de quem trabalha, o que tem se generalizado em nossa sociedade, com destaque à perda da saúde mental entre educadores, sem minimizar todas as outras formas de adoecimento. Finalizou sua participação agradecendo aos organizadores do evento e colocando seu mandato à disposição das lutas pela saúde dos trabalhadores e pelo reconhecimento do trabalho dos servidores públicos, especialmente os da saúde e da educação, fundamentais para a construção do Estado e da nação que desejamos.
Iniciando a jornada de exposições formativas, falou a secretária de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT/GO e educadora em saúde, Ivanilde Batista, responsável pela mobilização das Conferências Livres da 5ª CNSTT em Goiás. Ela enfatizou a necessidade de convocar e organizar todas as bases produtivas para a construção de conferências participativas, com capacidade de aprimorar as normativas e as leis que ampliem os direitos à saúde da classe trabalhadora.
Para tanto, reuniões prévias nos locais de trabalho, nos sindicatos, nas associações de bairro e nos mais diversos locais de encontro seriam essenciais para atrair o maior número possível de pessoas interessadas em contribuir com propostas e diretrizes. Em seguida, ela levantou os pontos fundamentais que podem ser encontrados na Cartilha de Participação e Organização das Conferências Livres.
Entre os conferencistas, também esteve o deputado estadual e odontólogo Mauro Rubem, que, após saudar a organização do evento e os presentes, abordou o tema da Participação Popular no SUS, buscando qualificar o Controle Social nas Conferências de Saúde. O parlamentar destacou a necessidade de revigoramento da capacidade de mobilização e a necessidade de intensificação das lutas diante dos retrocessos impostos pelo negacionismo científico, especialmente no campo da saúde, exemplificado pela recusa de famílias em vacinar as crianças contra a paralisia infantil.
Para Mauro, esse negacionismo é estimulado pelo avanço das ideologias extremistas, por meio de um forte poder de persuasão, que precisa ser contido pelos democratas e progressistas em todo o mundo. Seria preciso, portanto, influenciar a população por meio da apresentação de evidências científicas em saúde, a partir de abordagens científicas orientadas pelo bem comum e pelo desenvolvimento sustentável, com justiça social, o que passa pela capacidade do campo progressista em unificar sua ação em torno de parâmetros seguros.
Segundo ele, a saúde da população é condicionada pelas transformações do mundo do trabalho: “enquanto menos vale o trabalho, mais risco vai ter”. Isso acontece porque quanto mais precário o trabalho, mais margem de lucro têm os patrões. Ele mencionou o preocupante caso da privatização da CELG e o consequente desmonte dos direitos trabalhistas, que levou a um aumento dos casos de morte e invalidez para o trabalho entre os eletricitários em Goiás.
Outro ponto destacado por Mauro, foi a necessidade de encantamento da juventude e dos trabalhadores em geral por meio de pautas específicas como a do fim da escala 6x1 e da luta contra a precarização do trabalho. Para ele, o debate sobre a saúde do trabalhador precisa fazer parte da política cotidiana, por meio da denúncia dos retrocessos enfrentados diariamente nos locais de trabalho, com vistas à recuperação e à manutenção de direitos.
Apoio institucional na formação para a 5ª CNSTT em Goiás
Depois da fala de Mauro Rubem, Luis Leão, representante do Ministério da Saúde e da coordenação geral da 5ª CNSTT, que participou de forma remota, abordando o tema: Vigilância em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Em sua exposição, Luís elencou as principais atividades do Conselho Nacional de Saúde no sentido de garantir a realização das conferências.
Ele mencionou o histórico das CNSTT anteriores e contextualizou os esforços feitos até aqui para ampliar os direitos à saúde no mundo do trabalho. Ainda trouxe um panorama da força de trabalho no Brasil e os principais desafios para a classe trabalhadora no que concerne à saúde, principalmente o de mobilizar para a luta por direitos.
Luís fez um importante alerta sobre a natureza das conferências, que não devem repetir o conteúdo das conquistas anteriores e sim garantir o cumprimento delas, com aperfeiçoamentos e acréscimos pertinentes e não contraditórios. Isso seria possível por meio de uma maior capilaridade das informações e da apropriação da política de saúde por parte dos conferencistas para que seja possível, de fato, avançar em sua elaboração.
Em seguida, para finalizar as exposições do período da manhã, também de forma remota, Eduardo Bonfim e Josi Sales, dirigentes do Departamento Intersindical de Estudos de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT), trataram do tema Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora e a 5ª CNSTT. Eduardo, iniciou sua fala valorizando a participação popular e o diálogo, a troca oportunizada pelo evento como forma de renovação das perspectivas de aprimoramento das políticas em saúde do trabalhador e da trabalhadora. Ele afirmou que a política de participação tem uma dimensão de celebração da democracia, em contraposição à violência muda do mundo do trabalho no capitalismo.
Josi Sales deu continuidade à fala de Eduardo, apresentando os conceitos e as instituições que compõe a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, a política que regula o mundo do trabalho no Brasil, por meio da regulação dos parâmetros de saúde e bem-estar.
Logo após as exposições, uma rodada de participações contou com falas dos representantes dos sindicatos e dos movimentos sociais ligados à saúde no estado de Goiás, momento em que diversos desafios e perspectivas foram apresentados. No encerramento do período da manhã anunciou-se a programação prevista para a tarde, que contou com exposições do Ministério Público do Trabalho e das diretoras da CUT Goiás e do SindiSaúde, Flaviana Barbosa e Néia Vieira.
Em breve, publicaremos também o resumo das exposições e participações da tarde do Encontro de Formação de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Para mais informações, assista ao vídeo completo do evento no canal da CUT Goiás!