Escrito por: Redação CUT-GO
Evento ocorreu nesta terça (15) e quarta-feira (16), em Brasília, e contou com mais de 100 mil mulheres do campo e da cidade marchando pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver
A CUT Goiás e sindicatos filiados estiveram presentes, nesta terça-feira (15) e quarta-feira (16), na 7ª Marcha das Margaridas, em Brasília, no Distrito Federal. O evento, realizado a cada quatro anos, tem nesta edição o lema "Pela Reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver".
Nesta quarta, mais de 100 mil mulheres do campo e da cidade marcharam em direção à Esplanada dos Ministérios. O encerramento contou com a presença do presidente Lula (PT), que discursou reforçando que "os poderosos, os fascistas, os golpistas, podem matar uma, duas, ou três margaridas, mas jamais impedirão a chegada da primavera."
Além da marcha, a programação contou com várias atividades, dentre a amostra de produtos feitos pelas mulheres, troca de sementes, rodas de conversa, lançamento de livros, espetáculos, exibição de filmes e documentários, oficinas temáticas, plenárias, apresentações culturais, tenda da cura, e outros.
O Senado Federal, por requerimento do senador Beto Faro (PT-PA), também realizou nesta terça uma sessão solene em homenagem à Marcha das Margaridas, que contou com a presença de mulheres do campo, da floresta e das águas de todos os estados brasileiros e de outros países.
As mulheres reivindicam pautas como a autonomia sobre os seus corpos e sexualidades, a participação política feminina, a proteção da natureza, trabalho e renda, e o fim do racismo e sexismo e todas as formas de violência. Ao todo, são 13 eixos políticos da Marcha das Margaridas 2023 (veja abaixo).
O evento é coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), juntamente com as federações e sindicatos filiados, como a Federação dos Trabalhadores Rurais na Agricultura Familiar no Estado de Goiás (Fetaeg), e outras 16 organizações parceiras.
Eixos prioritários da 7ª Marcha das Margaridas:
- Democracia participativa e soberania popular;
- Poder e participação política das mulheres;
- Vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo;
- Autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade;
- Proteção da natureza com justiça ambiental e climática;
- Autodeterminação dos povos, com soberania alimentar, hídrica e energética;
- Democratização do acesso à terra e garantia dos direitos territoriais e dos maretórios;
- Direito de acesso e uso da biodiversidade, defesa dos bens comuns;
- Vida saudável com agroecologia e segurança alimentar e nutricional;
- Autonomia econômica, inclusão produtiva, trabalho e renda;
- Saúde, Previdência e Assistência Social pública, universal e solidária;
- Educação Pública não sexista e antirracista e direito à educação do e no campo;
- Universalização do acesso à internet e inclusão digital.
40 anos de saudade de Margarida Alves
A Marcha leva o nome de Margarida Maria Alves, mulher trabalhadora rural nordestina e líder sindical, que rompendo com padrões tradicionais de gênero ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.
Por lutar pelo direito à terra, pela reforma agrária, por educação, por igualdade e por defender direitos trabalhistas e vida digna para trabalhadoras e trabalhadores rurais, Margarida Alves foi cruelmente assassinada na porta da sua casa, no dia 12 de agosto de 1983.
Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas. É em nome dessa luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do País marcham em Brasília, num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade.
*Com Contag