Crianças de escolas públicas dizem não ao racismo
Projeto Abraço Negro chega à sua 18ª edição homenageando Conceição Evaristo
Publicado: 20 Novembro, 2018 - 14h06 | Última modificação: 20 Novembro, 2018 - 14h25
Escrito por: Maísa Lima
“E hoje um batuque, um batuque com a pureza de meninos uniformizados
De escola secundária em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula...”
Quem tem o privilégio de ver o Abraço Negro, um projeto original do Movimento Negro Unificado (MNU) que em Goiás foi abraçado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) é remetido à beleza dos versos de Caetano Veloso.
É emblemático ver “a pureza de meninos uniformizados” dizer não ao racismo, tão entranhado na sociedade brasileira, onde, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego de 2015, os trabalhadores negros ganharam, em média, 59,2% do rendimento dos brancos e, conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de negros assassinados é 132% maior que o de brancos.
Então vem das escolas públicas esse chamado ao bom senso. Conforme explica a secretária de Combate ao Racismo da CUT Goiás e do Sintego, Roseane Ramos, o tema é tratado durante o ano todo em sala de aula e culmina com esse grande abraço em um local público de Goiânia e de cidades do interior, no dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.
Não sua 18ª edição, em 2018, o Abraço Negro homenageou as Escrevivências Negras de Conceição Evaristo e aconteceu na Vila Cultural Cora Coralina/Teatro Goiânia, no Centro da capital goiana. “Durante todo o ano o sindicato instrumentalizou as unidades escolares por meio de rodas de conversas, debates, videoconferências e, diversas atividades”, reforça Iêda Leal, vice-presidenta da CUT Goiás e coordenadora nacional do MNU, além de tesoureira do Sintego e secretária de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Para a presidenta do Sintego, Bia de Lima, o sindicato reforça a importância das atividades pedagógicas antirracistas e reafirma, com o Abraço Negro tomando as ruas e um espaço público, o compromisso da Educação na luta contra o racismo.