Escrito por: Maísa Lima
Estado registra 1.564 óbitos; em média, 61% de redução salarial e mais de 1,13 milhão de informais, segundo o Dieese e o IBGE
No início da pandemia do novo coronavírus, em março, Goiás foi um dos primeiros Estados a decretar o isolamento social para conter a disseminação do vírus. Mas o governador Ronaldo Caiado (DEM), apesar de ser médico e saber dos riscos, pressionado por empresários, acabou relaxando a quarentena e o resultado foi a subida acelerada das curvas de contaminação e mortes.
Nesta sexta-feira (31), Goiás atingiu a triste marca de 1.564 vidas perdidas para a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Proporcionalmente, este é um dos piores desempenhos do País, que já computa 91.263 vítimas fatais da doença.
Desde o começo da pandemia, 44,13% dos óbitos por Covid-19 no estado ocorreram sem que a maioria dos pacientes conseguisse se internar em um leito nas Unidades Terapia Intensiva (UTIs). Ao todo, foram 609 vítimas, sendo que 105 morreram sem ao menos estar em um leito hospitalar até o último dia 25, quando já havia 1.380 óbitos registrados pela doença. Os dados constam no boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) divulgado nesta quinta-feira (30).
A situação é gravíssima, principalmente entre os trabalhadores da Saúde, afirma a presidenta da Central Única dos Trabalhadores no Estado de Goiás (CUT-GO), Bia de Lima, que também responde pela presidência do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego).
“O contágio e as mortes estão aumentando e as autoridades sanitárias ocultam os números reais. Estamos cobrando transparência e maior zelo com esses profissionais e suas famílias”.
Para piorar ainda mais a situação e, ao contrário do que esperavam os empresários, a reabertura dos estabelecimentos antes da hora não aqueceu e quem mais sofre com a situação é a classe trabalhadora, notadamente aqueles e aquelas que já estavam desempregados ou foram demitidos por causa da pandemia. O número de trabalhadores informais em Goiás foi de 1,13 milhão em junho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad Covid), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre maio e junho, a Pnad Covid apontou aumento de 17,6 mil pessoas sem emprego em Goiás. Outras 403 mil não procuraram trabalho por causa da pandemia ou por falta de oportunidade na localidade em que moram. A taxa de desemprego no Estado ficou em 13,1% em junho, porcentual superior à média nacional (12,4%).
Neste cenário, as empresas continuam demitindo ou reduzindo salários o que prejudica ainda mais o reaquecimento da economia. Conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cerca de 36% dos trabalhadores ocupados em maio (30 milhões de pessoas) tiveram alguma perda no rendimento na comparação com a situação anterior à pandemia. A redução média do rendimento foi de 61%.
“Esse quadro se deve em grande parte à redução de demanda na economia ou à impossibilidade de o trabalho ser realizado diante das regras da quarentena. Cerca de 61% dos ocupados afastados das atividades tiveram perda média de 49% nos rendimentos”, completa a economista Leila Brito, supervisora Técnica do Escritório Regional do Dieese em Goiás.
E enquanto a curva de contaminação estiver em alta, a tragédia da população continuará sendo tentar sobreviver à doença e ao desemprego, a redução de renda.
A pressão pela reabertura das escolas é outra luta que pais, mães e sindicalistas estão enfrentando em Goiás. A presidenta da CUT-GO e o Sintego têm se posicionamento firmemente contra a volta às aulas presenciais.
“Por enquanto o Conselho Estadual de Educação (CEE-GO) decretou que até 31 de agosto as aulas continuarão remotas, ou seja, pela internet. Se a pandemia continua crescendo em Goiás, nem tem o que se discutir quanto a isso. Precisamos proteger profissionais e estudantes”, afirmou Bia.