Com 261 mortes na Educação, Bia Lima da CUT-GO, luta por 2ª dose da vacina
Presidenta do Sintego e da CUT-GO também denuncia exploração dos professores, que têm de dar a mesma aula duas vezes, sem receber por isso. Dossiê divulgado ontem reforça as preocupações da sindicalista
Publicado: 04 Agosto, 2021 - 13h45 | Última modificação: 04 Agosto, 2021 - 16h24
Escrito por: Maísa Lima, CUT-GO
Com 261 mortes de trabalhadores da Educação de Goiás em decorrência da Covid-19, desde o início da pandemia do novo coronavírus, a luta da presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) e da Central Única dos Trabalhadores no Estado de Goiás (CUT-GO) Bia de Lima, é pela antecipação da segunda dose da vacina contra a doença.
Com a retomada das aulas presenciais na rede estadual de Educação nesta segunda-feira (2) e o consequente aumento dos riscos, Bia de Lima tem feito uma verdadeira peregrinação nos veículos de comunicação para reforçar a importância de se antecipar a segunda dose da vacina contra a Covid 19 para os profissionais da área.
A sindicalista alerta que, mais de 20 mil pessoas perderam a vida no Estado por conta dessa doença, mas falta sensibilidade ao governo Ronaldo Caiado (DEM), que mesmo assim e ante uma ocupação superior a 84% dos leitos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), determinou a retomada das aulas presenciais. O sistema adotado para a volta é o chamado sistema híbrido, no qual há um rodízio quinzenal para o atendimento presencial escalonado dos estudantes.
Prejuízo
Bia reconhece que as aulas remotas não são a solução ideal. “Faltam uma estrutura tecnológica adequada e materiais didáticos. Mas estamos falando de vidas. De profissionais da Educação, de estudantes, enfim, de toda a comunidade escolar”, salienta a professora e sindicalista.
O dossiê 43 do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, O CoronaChoque e a educação brasileira: um ano e meio depois, lançado nesta terça-feira (3), analisa os diferentes efeitos da pandemia sobre a educação no Brasil e corrobora algumas das principais preocupações pautadas pela presidenta da CUT-GO.
“Os professores estão sofrendo com o aumento de carga de trabalho e do cansaço. Não temos mais ambiente de trabalho delimitado e precisamos ministrar a mesma aula duas vezes: uma para os alunos presenciais e outra para os que estão estudando por via remota”, denuncia.
O dossiê 43 do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social corrobora com a observação de Bia: “O trabalho do educador deixou de estar localizado num lugar – a escola – e deixou de ter uma temporalidade delimitada – a aula. Com isso, o trabalho tornou-se difuso e quase permanente. Ou seja, a pandemia representou a intensificação da exploração da força de trabalho, roubando parte do tempo de vida dos educadores. Esse tempo não contabilizado na jornada diária – e, portanto, não pago”, aponta o documento.
Junte-se a isso a desigualdade e precariedade no acesso a tecnologias de informação e comunicação. "Mesmo com tantos alunos sem conectividade (acesso à internet), o governo Jair Bolsonaro (ex-PSL) recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para não ter de oferecer conexão à internet para alunos e professores de escolas públicas", lembra Bia.
Bolsonaro já havia sido derrotado no Legislativo, pois havia vetado lei que determina a aplicação de R$ 3,5 bilhões nesse serviço, mas o Congresso derrubou o veto. Agora, o governo recorre ao STF para se livrar da obrigação.