Brasília assistiu nesta quarta (24) à maior manifestação desde o impeachment de Collor, em 1992
Dezenas de milhares de manifestantes caminharam pelas ruas gritando “Fora, Temer”
Publicado: 25 Maio, 2017 - 12h11
Escrito por: Maisa Lima, Assessoria de Comunicação da CUT Goiás, com informações

O ato desta quarta-feira (24) em Brasília (DF), quando cerca de 200 mil manifestantes marcharam na capital federal exigindo a imediata renúncia de Michel Temer (PMDB) e eleições diretas já, além do fim das Reformas da Previdência e Trabalhista e da terceirização sem limites, ficou marcado pela valentia e determinação da classe trabalhadora e pela covardia e violência da repressão policial.
Milhares de manifestantes que protestavam na Esplanada dos Ministérios ficaram feridos. Imagens que circulam na internet e foram transmitidas pela televisão mostraram o uso desproporcional e abusivo de gás lacrimogênio, spray de pimenta e balas de borracha.
E poderia ser ainda pior, visto que Temer autorizou as Forças Armadas a conter a manifestação. Doze horas depois de emitir o decreto, que violava o direito de protesto e de liberdade de expressão, ele voltou atrás ante a repercussão negativa da medida
Goiás
De Goiás, as diversas centrais sindicais e os movimentos sociais levaram mais de 190 ônibus para Brasília. Só da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e sindicatos associados foram 54 ônibus. Várias cidades do interior também mandaram caravanas, como Goianira, Anápolis, Catalão, Valparaíso de Goiás, Faina e Jataí.
A grave crise política na qual o Brasil está mergulhado transformou Brasília num campo de batalha entre policiais e manifestantes neste que foi um dos maiores protestos que a cidade registrou desde o impeachment de Fernando Collor, em 1992. Dezenas de milhares de manifestantes caminharam pelas ruas gritando “Fora, Temer”.
Diante da violência, que também resultou na depredação de ao menos sete ministérios, Temer determinou que 1,5 mil homens das Forças Armadas passassem a fazer o policiamento de prédios públicos até o próximo dia 31 de maio. Ainda que os militares já tenham atuado em crises estaduais e durante os Jogos Olímpicos, é a primeira vez, na democracia, que a capital federal será policiada por militares. Antes, isso ocorrera apenas durante a ditadura militar (1964-1985).
O ex-ministro Gilberto Carvalho criticou a ação do black block, que praticaram, a seu ver, uma provocação inútil. “Seria enorme ingenuidade nossa não ver que disfarçados de jovens radicais os infiltrados provocadores procuraram destruir nosso ato e sua repercussão. Foi suspeita a ausência de qualquer proteção policial aos ministérios. Eles passavam apedrejando e quebrando vidros com pedaços de pau, queimando as coisas, sem que ninguém os incomodassem. Enquanto isso, nossa massa recuava e voltava, olhos ardendo, resistente.”
“Não podemos deixar de reagir duramente a essa loucura deste pseudo governo que agoniza à espera de uma saída costurada por cima, que nós haveremos de inviabilizar pela continuidade de atos como o de quarta-feira, em nova greve geral e massivos atos pelas diretas”, salientou Gilberto Carvalho.