O juiz Sérgio Moro seria um delinquente acima de qualquer suspeita?
Publicado: 01 Fevereiro, 2016 - 11h31
Caro engenheiro e mestre metalúrgico Gustavo Horta, MG
Seus acessos a este blog (http://cartasprofeticas.org/) e sua disposição em segui-lo me é motivo de muita honra e prestígio. Muito obrigado por sua generosidade.
A mídia familiar e tradicional inunda-nos com notícias requentadas e esquartejadas nascidas da Operação Lava Jato, nome dado às investigações da Polícia Federal às contas de empreiteiras, da Petrobrás etc.
Essa inundação criou conceitos novos e confusos. Refere-se à República de Curitiba, onde vive e trabalha o juiz Sérgio Moro. O outro refere-se ao juiz cercado de mistérios, de anonimatos, sem que nada se diga sobre seus interesses de classe, sobre sua ideologia.
É preciso debater o juiz Sérgio Moro. Afinal, ele é um funcionário público a serviço da Justiça Federal. Ele é nosso empregado, muito bem pago com nossos impostos.
Ao mencionarmos os mistérios desse juiz, naturalmente se faz analogia com Joaquim Barbosa, o fanfarrão que adorava mídia e aparecer, sempre no agrado da direita e dos interesses mais conservadores e suspeitos da República brasileira.
Enquanto Joaquim fazia espetáculo deliberadamente usando a TV Justiça, sustentada com dinheiro público, Sérgio faz de conta que não dá show midiático, mas tática e cuidadosamente solta “notícias” pela mídia de seus amigos das Organizações Globo, com seu poderoso complexo manipulador de comunicação, da Veja, da Folha, do Estadão e daí para fora.
Muita gente começa a criticar Sérgio Moro, com razão. Os movimentos sociais e suas manifestações de rua criticam esse juiz. Está na hora de questioná-lo mais amplamente, mesmo sem domínio do juridiquês e das instâncias institucionais do Judiciário.
Quando alguém atinge a sociedade tão catastroficamente é preciso que reajamos.
Corretamente o deputado federal Wadih Damous, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), advogado sério e competente, afirma em entrevista que Sérgio Moro e a Polícia Federal não estão acima da lei.
Por si só a afirmação sugere a ideia de que Sérgio Moro se julga acima da lei ou, no mínimo, como alguém que parcialmente pode, a bel prazer, torcer os seus favores em benefício de amigos e de interesses dúbios, como o deputado diz claramente na sua entrevista.
O site Diário do Centro do Mundo, do jornalista Paulo Nogueira, fez uma tentativa de investigação exaustiva sobre Moro, seu mundo, suas ideias e vida. Com razão, porque o povo brasileiro merece e precisa conhecer esse juiz que mexe tão sacudidamente na vida de milhões de nosso povo. Ele é, repito, um funcionário público, embora se imagine um deus.
Uma das coisas que a equipe jornalística investigadora mostra – investigar é próprio da ciência, que se nega a adivinhar a partir de crenças e de achismos – é a aura de mistério e de silêncio impostos sobre todos os que cercam o juiz paranaense, que demonstra pensar que é dono do Brasil.
Por que tanto mistério sobre um funcionário público a serviço da Justiça e, supostamente, dedicado a purificar o Brasil da corrupção e dos corruptos?
O povo brasileiro, patrão desse e de todos os funcionários públicos, não merece conhecer tudo sobre ele? O que o faz se esconder?
A matéria jornalística mencionada, apesar de tantos e justos esforços, não conseguiu nos ajudar a compreender o demiurgo da Justiça, mas lança hipóteses interessantes.
Uma é sobre a aura de classe dominante do juiz. Afirma que o magistrado nunca soube o que são dificuldades econômicas e sociais, que andou em tom turístico de ônibus pela primeira vez aos 18 anos e que viu pobres aos 30, apesar de viver num País com regiões de miséria e de pobreza semelhantes à Nigéria. Ao contrário de Joaquim Barbosa que, no entanto, traiu os negros e os pobres bandeando-se para o lado dos ricos e manipuladores, Moro já nasceu sob as benesses do andar de cima.
Sua “criação” deu-se em ambiente de classe A (termo equivocado em ciências sociais), em meio aos maiores luxos da burguesia.
Outra raiz de sua formação é a de que procede da direita do espectro da política brasileira. Seu pai foi contemplado com empregos públicos dados pela ditadura civil-militar e por seu partido fascista, a ARENA. Mais tarde se filiou ao ninho tucano, o PSDB, também de direita e golpista.
A radiografia, que a família Moro e todos os seus serviçais tentaram impedir de ser feita, nos mostra aquele funcionário público como um homem profundamente ligado ainda hoje à direita golpista brasileira.
Tanto que mostra fotos dele recebendo prêmio dos donos da TV Globo, sabidamente uma empresa nascida do obscurantismo, do sufocamento da democracia pelo golpe militar, mantida pelo derrame de dinheiro público dos governos de FHC, Lula e Dilma.
Fotos ao lado do direitista e golpista empresário João Dória Jr é sinal de ligações perigosas com o ninho excrementado do tucanato. O juiz não é bobo e sabe que poses fotográficas implicam em interpretações, as que ele deseja sejam feitas, é claro.
Os protetores dos interesses ideológicos defendidos pelo magistrado rico exibem, orgulhosos, faixas de apoio ao ódio fascista que ele ajuda a alimentar. A competente reportagem não deixou escapar a alegria de seus apoiadores, todos de direita e reivindicantes da volta da ditadura, a quem serviu obediente o seu pai.
Não escapou da sensibilidade investigativa dos jornalistas do DCM os fios de ligação do misterioso Moro com a mídia golpista.
Sua mãe religiosa e católica tradicional, dona Odete, querendo esnobar os jornalistas, disse que o filho costuma falar nos autos dos vereditos que dá. Mas deixou escorregar que “ele tem uns amigos jornalistas na Folha, na Veja e no Globo para quem dá entrevistas quando quer”.
E é verdade. Moro aparece numa capa da revista imunda Veja, muito lida ainda pela direita e pelos analfabetos políticos, inclusive diretores de escolas, de faculdades e de professores despreparados. Também é considerado herói da Globo, de quem recebeu o prêmio “Homem do Ano de 2014”, fotografado ao lado de João Roberto Marinho que, como diz o advogado Carlos Araújo, mora em Miami, cidade habitada e paraíso das máfias internacionais.
Ora, o amigo sabe o quanto essa mídia serviu e serve aos piores propósitos antinacionais, antissociais e antipopulares. Pois é a ela que Moro, segundo sua mãe, dá entrevistas e onde tem amigos.
Quem leu o livro “Chatô, o Rei do Brasil”, de Fernando Morais, percebeu o quanto nossa mídia nasceu putrefata fazendo chantagens, pressionando pessoas como batedora de carteira para ganhar dinheiro. Suas marcas são a mentira, a pressão moralista, o achaque, o julgamento sem juiz e sem judiciário, tudo com interesses políticos nefastos, desde o nascimento.
Referindo-se aos fantasmas cultivados por Celina do Amaral Peixoto, neta de Getúlio Vargas, o competente jornalista Luis Nassif descreve o que sempre foi essa mídia, que arrasta atrás de si, como um poderoso corpo morto projetado por força extra nacional, os incautos e dá material apodrecido para os maus e fascistas de plantão. “Era pior que as delações da Lava Jato, recorda Celina, porque não tinha justiça envolvida, todos os jornais contra, com exceção da voz solitária da Última Hora, e uma oposição ferrenha de pessoas letradas, preparadas, diferente de hoje, acusando Getúlio de tudo”.
Só um reparo: pior é a delinquência de quem se coloca como divindade acima das leis, dos interesses sociais, políticos e nacionais.
Pior é a injustiça de quem olha para um lado só do Brasil e desce uma cortina gigantesca de fumaça para proteger os verdadeiros malandros, os corruptos de grande escala, os golpistas que visam destruir a democracia para entregar nossos maiores bens nacionais e estatais aos grupos aventureiros que incendeiam o mundo com suas guerras de rapina.
Já soam os clarins contra essa divinização de uma delinquência classista que despreza a justiça e o “o que fazer judicial”, como norma da verdade.
Juízes e advogados se rebelam em cartas denúncias contra as barbaridades praticadas pela Lava Jato em nome de operações de investigação, reforçadas por Moro.
Nesse mesmo sentido o advogado Técio Lins e Silva, que atuou na defesa de presos políticos na ditadura, questiona o juiz Sérgio Moro e diz que “a mídia tem tido uma reação muito ruim a isso tudo. Ela foi contaminada por esse fundamentalismo da repressão e aplaude tudo que é contrário aos acusados”; “Estou falando de uma arbitrariedade como nunca se viu no Brasil, nem na ditadura”.
Arbitrariedade quer dizer pisar em direitos, direitos humanos, atropelar as leis, desrespeitar a democracia e passar por cima da decência.
No parlamento, além do deputado Damous, reage o deputado Chico Vigilante ao denunciar os procuradores da Operação Lava Jato que declararam que estenderão essa força tarefa a 2018.
Com que interesse? Questiona Vigilante. Com o único objetivo de destruir Lula, tenha ele culpa ou não. O importante é inventar alguma coisa que derrube quem não é mais presidente para que não se candidate às eleições de 2018. A meta é abrir caminho para a volta da direita.
Não é possível que delinquentes presos pela Lava Jato e pelo juiz de Curitiba, delatores vazios, que roubam este País desde sempre, manchem imagens das pessoas, destruam seus maiores e sagrados bens, que são suas representações sociais e familiares, enquanto o juiz Moro bebe vinhos finos, fuma charutos caros e faz pose de deus grego nos panteões de Maringá e de Curitiba.
É inaceitável que se atropele a intimidade das pessoas, fazendo chantagens publicando coisas antes de qualquer julgamento sério e fundamentado.
O juiz Sérgio aprova o que não quer para ele e para sua família. Enquanto se fecha em redoma permite que as vidas dos outros sejam arrebentadas e destruídas pela mídia de seus amigos.
O juiz Moro atropela a justiça ao agir partidariamente a serviço de suas origens ideológicas familiares. Ele é do tipo que pensa acriticamente e sem inteligência: “eu idolatro meu pai, minha família e minhas origens burguesas conservadoras de Maringá”. Para ele isso tudo o motiva acima do País, da democracia e dos milhões de trabalhadores que perdem seus empregos graças às empresas nacionais que são destruídas com as operações delinquentes da Lava Jato.
Moro não consegue disfarçar nem a falsa noção de parcialidade. Atua em favor da direita e ao lado de seus piores agentes.
A filosofia e as ciências sociais são unânimes em definir que não existe neutralidade. É impossível as pessoas se equilibrarem no meio de um pêndulo sem cair para um lado ou para outro.
O juiz Moro pensa e age do lado dos interesses da direita neste País. Ele não faz justiça. O seu lado é o de cima, o dos privilegiados e protegidos.
Sérgio Moro é o novo Joaquim Barbosa, amado e idolatrado pela direita e pela mídia que, como pinto, vive de esgravatar o lixo.
Sua delinquência disfarçada de ser certinho, como seus familiares e amigos o descrevem, consiste em viver e agir acima da lei, como um deus mítico.
Moro e a Operação Lava Jato fazem mal ao Brasil, à democracia e ao povo.
É preciso reagir.