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Artigo

Como sempre, resistir é preciso

Publicado: 07 Dezembro, 2017 - 11h11

Não há alternativa a não ser a resistência. Cada jornalista tem, necessariamente, que se identificar como integrante da classe trabalhadora, como não proprietário dos meios de produção. Isto é, aquele que não consegue assegurar a sobrevivência se não vender sua força de trabalho. Portanto, a única opção desse profissional é se proteger dentro do sindicato da sua categoria, ao mesmo tempo fortalecendo esse importante instrumento de luta. E mais: construindo as condições materiais necessárias a um sindicalismo que não vacile diante dos desafios impostos pelo ilegítimo governo Temer.
 
A propósito, tudo começou com as articulações para um golpe contra o governo Dilma Rousseff, que chegou a contrariar interesses de grandes grupos econômicos. Como acontece nessas ocasiões, os motivos colocados à frente partiam da corrupção, que tinha origem no Palácio do Planalto. Mas o objetivo principal era fazer do Brasil um Estado mínimo neoliberal, conforme as conveniências de Washington e do capital monopolista internacional. A votação que garantiu o impeachment mais uniu os parlamentares sem qualquer compromisso com a democracia, em sua maioria envolvidos com graves questões de ordem ética. E, naturalmente, eles não representavam a população brasileira, nem mesmo os seus incautos eleitores.
 
Então, com apoio dos aliados de sua laia em todos os níveis, Michel Temer sentiu-se no dever de implementar as diretrizes práticas que lhe foram ditadas. Sem demora, encaminhou a venda do pré-sal, com a preparação da privatização da Petrobras, não deixando de fora a Caixa Econômica Federal e o seu desempenho como banco popular. Multiplicaram-se as denúncias contra ele e alguns dos seus notórios auxiliares, levando-o à mais espúria cooptação de votos no Congresso Nacional. Quanto à questão da corrupção, chegou-se a um patamar nunca dantes observado, destacando-se as famigeradas malas de dinheiro, insistentemente mostradas pelos noticiários de televisão. 
 
Se o presidente da República conta hoje com aprovação de apenas 3% da população e 1% em caso de candidatura à reeleição, ninguém deve se surpreender. Afinal, ainda outros motivos o povo conhece para manifestar seu repúdio. O Brasil perde por violência, a cada cinco anos, igual número de vítimas das bombas atômicas despejadas pelos Estados Unidos sobre Hiroshima e Nagasaki. Em 2016, ocorreram 61.619 mortes violentas, revelando o absurdo de sete assassinatos por hora. Os homicídios e feminicídios chegaram a 4.657 mulheres, a isso se somando a ocorrência de 49.497 estupros. E é neste país, onde uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, que o governo e a bancada fundamentalista na Câmara Federal, tentam impedir qualquer tipo de aborto, mesmo para salvar a vida da mulher.
 
Além disso, porém, muito diretamente estão ligadas aos trabalhadores e às trabalhadoras as reformas encaminhadas a partir do golpe que colocou Michel Temer no comando do governo. Na verdade, trata-se de contrarreformas, especialmente a trabalhista, em vigor desde o dia 10 de novembro último (Lei 13.467/2017). Sancionada pelo desmoralizado presidente, a lei “permite a negociação coletiva sem limites e sem proteção aos trabalhadores, adota novos modelos de contratos de trabalho, limita o acesso à justiça trabalhista”, golpeia duramente as entidades sindicais e retira direitos fundamentais conquistados pela classe trabalhadora. 
 
Em seus 59 anos de existência, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Goiás já atravessou momentos de extremas dificuldades. Durante a ditadura militar, houve perseguições generalizadas, prisões, torturas e mortes, tendo alcançado repercussão maior o assassinato, em São Paulo, dos jornalistas Vladimir Herzog e Luiz Eduardo da Rocha Merlino. Mas a resistência democrática e socialista terminou derrotando o terrorismo de Estado, que durou 21 anos, abrindo as portas para a construção de uma sociedade justa e igualitária. Por conseguinte, não é esse governo atual, a serviço dos grandes industriais, grandes empresários e latifundiários, que vai conseguir bloquear a nossa marcha de agentes da História. 
 
Como sempre, resistir é preciso. Cada jornalista saberá honrar sua profissão, nunca perdendo a coragem e a dignidade. Superando vaidades e individualismos, assumirá as lutas da maioria explorada, com a consciência de que não poderá ceder frente às mentiras e ilusões disseminadas pelos inimigos do povo trabalhador.